Ficha de Investigador

PESSANHA, Sebastião Carlos da Silva

  • Denominação: PESSANHA, Sebastião Carlos da Silva
  • Nascimento: ,25/09/1892
  • Óbito: ,18/02/1975
  • Biografia:
    • D. Sebastião Pessanha nasceu a 25 de setembro de 1892 e morreu a 18 de fevereiro de 1975. Foi etnógrafo e crítico de arte, desenvolvendo atividade como Diretor do Museu Municipal de Sintra, Presidente da Direção do Instituto de Sintra e Delegado da 6.ª secção (Arte e Arqueologia) da Junta Nacional de Educação.

      Um dos seus contributos para a Etnografia Portuguesa prende-se com o estudo das artes populares e a identificação dos seus núcleos de produção mais relevantes. Em colaboração com Vergílio Correia e Alberto de Sousa, fundou a revista Terra Portuguesa, na qual publicou parte fundamental da sua produção etnográfica. Através desta publicação realizou uma intensa campanha em torno dos Tapetes de Arraiolos, contribuindo para a revitalização e valorização do seu processo e técnica artesanal de fabrico, privilegiando, simultaneamente, os estudos sobre a indústria têxtil, os trajos populares e a arte pastoril. Entre 1918 e 1919 publicou a obra Um núcleo de Tecidos (2 vols.), referente a um catálogo descritivo da sua coleção têxtil privada. Foi responsável entre 1951 e 1953 pela revista Terra Lusa, na qual publicou estudos relativos às Colchas de Castelo Branco e às Tapeçarias de Portalegre.

      A sua produção bibliográfica compreende mais de quarenta artigos, sobre temas variados, tendo colaborado nas publicações do Mensário das Casas do Povo (1947-1950), A Arte Popular em Portugal (1960) e em Vida e Arte do Povo Português (1940) com o artigo Teares e Tecedeiras. Em 1957, colaborou com Manuel Melo Correia, então diretor do Museu de Arte Popular, no âmbito da programação museológica da instituição, no intuito de desenvolver a investigação em torno da arte popular e do acervo do Museu, e em particular, a intenção de constituição de um centro de estudos etnográficos, projeto não concretizado.

      Os seus interesses etnográficos visaram igualmente outras temáticas, tais como, o estudo das tradições culturais, tendo sido autor da obra intitulada Mascarados e Máscaras Populares de Trás-os-Montes (1960), relativa às festividades transmontanas. Realizou estudos sobre a temática da doçaria popular, numa análise dos seus contextos de produção, tendo sido autor da obra Doçaria Popular Portuguesa (Estudo Etnográfico), publicado em 1957.

      No âmbito da investigação que consagrou ao património etnológico português, revelou-se como um importante coletor da cultura material, recolhendo e documentando sistematicamente uma coleção de objetos etnográficos. Compreendendo um significativo conjunto de objetos de arte pastoril (desde “cornas”, “tarros”, “chavões”), objetos de olaria, pás de moleiro, trajes, entre outros, Sebastião Pessanha pretendeu sistematizar e documentar todas as formas dessas categorias de objetos, das quais se destacam o inestimável conjunto de máscaras transmontanas dos rituais de inverno (coleção integrada atualmente no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa). Defendeu a criação de museus etnográficos de índole regional, na sua obra Os Museus Etnográficos e as Casas do Povo (1951), visando a valorização, salvaguarda e o estudo da cultura tradicional portuguesa nas suas especificidades locais e regionais.


      Nota bibliográfica elaborada pelo DPI/IMC com base na seguinte bibliografia:

      FELGUEIRAS, Guilherme, 1966, “Evocando Dom Sebastião Pessanha: o artistocrata e o etnógrafo”, Separata do Boletim Cultural – Junta Distrital de Lisboa, série III, nº 65-66, Lisboa, 65 – 74.

      LEAL, João, 2000, Etnografias Portuguesas (1870-1970) Cultura e Identidade Nacional, Lisboa, Colecção Portugal de Perto, Publicações Dom Quixote.

      OLIVEIRA, José Ernesto Veiga, 1966, “D. Sebastião Pessanha”, Revista de Etnografia, VII, Porto, 248-250.

      PEREIRA, Benjamim Enes, 2009 [1965], Bibliografia Analítica de Etnografia Portuguesa (edição em formato electrónico), Lisboa, Instituto dos Museus e da Conservação.
Secretário de Estado da Cultura Direção-Geral do Património Cultural
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