CAPELA E SILVA, José Alves

• Denominação: CAPELA E SILVA, José Alves
• Nascimento: S. Vicente da Guarda,30/11/1884
• Óbito: ,08/12/1972
• Biografia:
  • José Alves Capela e Silva nasceu a 30 de novembro de 1884, em S. Vicente da Guarda, Beira, e faleceu a 8 de dezembro de 1972.
    
    Formou-se em 1903 na Escola de Regentes Agrícolas em Santarém, tendo-se fixado no concelho de Elvas, em 1907. O casamento com a filha de um importante lavrador local proporcionou-lhe o contacto direto com o contexto agrícola alentejano e a vida rural. Em 1932 foi admitido na Colónia Correccional de Vila Fernando como regente agrícola.
    
    Dedicou-se aos estudos etnográficos e filológicos da região alentejana, cujas temáticas abordaram a ruralidade e a atividade agropastoril. Foi autor de vários estudos, sendo Ganharias a sua primeira obra de relevo, editada em 1939. Neste trabalho o etnógrafo faz um enquadramento da faina agrícola e dos contextos rurais do Alto Alentejo.
    
    Estreou-se na imprensa local com o artigo Fabrico de Queijo, publicado em 1909, no Correio Elvense, poucos anos após a sua fixação no concelho. Para além da estreita colaboração que manteve com a imprensa local, foi colaborador de outros jornais e revistas, como o Ocidente, no qual publicou uma série de artigos que consagrou ao tema de Esboços Etnográficos, e a Revista de Portugal, na qual apresentou o estudo sobre A Linguagem Rústica no Concelho de Elvas sendo a sua segunda grande obra editada em 1947. A sua investigação neste trabalho focou-se na lexicografia regional, mas também em temas relativos à agricultura, ao pastoreio, à alimentação, ao trajo popular e aos instrumentos musicais, entre outros.
    
    Da sua produção etnográfica destacam-se outras obras publicadas no Arquivo Transtagano, em particular, Os «Ratinhos» (1934) e Ganadeiros alentejanos (1934), assim como a sua colaboração com a revista Lusitana, em que publicou o artigo Esboços da vida rural no Concelho de Elvas (1937). Foi ainda autor do livro Memórias Alentejanas (1950).
    
    Tendo adquirido um certo relevo no campo da etnografia local da época, foi um dos responsáveis pela recolha de objetos com vista à representação do Alentejo no Museu de Arte Popular, no âmbito de uma colaboração Francisco Lage e o Secretariado de Propaganda Nacional.
    
    Destacou-se igualmente enquanto escultor de miniaturas em madeira, representando cenas da vida rural e agrícola, retratando as diferentes figuras rurais que evoca no seu livro Ganharias, aos ofícios tradicionais, labor agrícola, indumentária, instrumentos de utensilagem, entre outros. Parte deste trabalho artístico integra o espólio do Museu Municipal António Tomás Pires.
    
    
    Nota bibliográfica elaborada pelo DPI/IMC com base na seguinte bibliografia:
    
    ALVES, Vera Marques, 2007, “Camponeses estetas” no Estado Novo: Arte Popular e Nação na Política Folclorista do Secretariado de Propaganda Nacional, ISCTE, Lisboa, (no prelo).
    
    COSTA, Marta, QUEIROS, Carla, 2007, Catálogo da Colecção do Grémio da Lavoura de Elvas, Elvas, Câmara Municipal de Elvas, (no prelo).
    
    LEAL, João, 2000, Etnografias Portuguesas (1870-1970) Cultura e Identidade Nacional, Lisboa, Colecção Portugal de Perto, Publicações Dom Quixote.
    
    PEREIRA, Benjamim Enes, 2009, Bibliografia analítica de Etnografia Portuguesa, [edição em formato electrónico], Lisboa, Instituto dos Museus e da Conservação.