Ficha de Investigador

CARNEIRO, Eugénio Manuel Lapa

  • Denominação: CARNEIRO, Eugénio Manuel Lapa
  • Nascimento: Póvoa do Varzim,01/08/1929
  • Óbito: Lisboa,31/12/1999
  • Biografia:
    • Eugénio Lapa Carneiro nasceu a 1 de agosto de 1929, na Póvoa do Varzim, e morreu a 31 de dezembro de 1999 em Lisboa.

      Formou-se em 1972, na área das Ciências Naturais pela Faculdade de Ciências do Porto. Exerceu o ensino particular no Colégio de São João de Deus, no Porto, e foi Professor de Geografia e Ciências Naturais na antiga Escola Industrial e Comercial de Barcelos (1959-1970).

      Foi investigador, colecionador, etnógrafo, destacando-se como personalidade de referência na Museologia e na Etnografia Portuguesa do século XX, privilegiando como área de pesquisa a etnocerâmica, à qual consagrou importante contributo para uma análise dos seus processos e técnicas artesanais de fabrico, seus produtores e contextos de produção.

      Percorreu os terrenos etnográficos com significativa expressão na tradição ceramista nacional, nos quais desenvolveu sistemática recolha e documentação da cultura popular material, constituindo coleções representativas da atividade de produção de olaria nacional.

      Neste âmbito, o percurso de Eugénio Lapa Carneiro é indissociável do Museu de Olaria, de Barcelos, do qual foi diretor entre 1964 e 1970, e, posteriormente, em 1982, cuja génese desta instituição foi a coleção do etnógrafo Joaquim Selles Paes de Villas Boas, doada em 1952. Desde cedo demonstrou a vontade expressa da criação, em Barcelos, de um Museu de Cerâmica Popular, compreendendo a mais importante coleção de cerâmica popular portuguesa.

      Integrou ainda diferentes cargos públicos de direção, entre os quais, na secção editorial da revista Olaria (1969), de Portugália Editora (1970), do Gabinete de Estudos Etnográficos do Museu de Arte Popular (1971). Na década de 1980 integrou o Departamento de Etnologia do Instituto Português do Património Cultural, de que foi diretor da respetiva Divisão de Etnografia. Pertenceu ao Museu Nacional de Arqueologia (1992), no qual integrou a equipa responsável pela investigação do espólio de José Leite de Vasconcelos, tal como expresso na publicação de Suplementos a O Arqueólogo Português (1999). Por sua recomendação, a Câmara Municipal de Barcelos instituiu os prémios etnográficos “Gomes Pereira” e “Rocha Peixoto”.

      A sua produção etnográfica teve uma importante ação na dinamização do quadro da cerâmica popular em Portugal, que desenvolveu continuadamente através das publicações: Cadernos de Etnografia (1964-1969), num total de dessazeis números publicados; do Boletim Informativo do Museu Regional de Cerâmica (1966-1967); em Olaria. Boletim do Museu de Cerâmica Popular Portuguesa (1968-1969); dos Cadernos de Olaria (1983, 1992); das comunicações individuais ou coletivas em que participou e promoveu. Colaborou sobre vários temas dispersos pelos seguintes jornais periódicos: Jornal de Notícias, O Comércio do Porto, O Comércio da Póvoa do Varzim, O Fangueiro, O Barcelense e Jornal de Barcelos.

      Produziu inúmeros artigos sobre cerâmica popular e outros temas de etnologia portuguesa, dos quais se destacam os seguintes trabalhos: Donde vem a confusão entre Louças do Prado e Louças de Barcelos (1962); Os Lenços de Mão Bordados (1963); O Papagaio. Pequena contribuição para o seu estudo em Portugal (1964); O Museu de Cerâmica Popular Portuguesa (1969), O fim da Olaria tradicional portuguesa (1970); Notas sobre alguns aspectos da história da loiça de Padro/Barcelos (1983); A cerâmica de Vale do Jequitinhonha num quadro largo de problemas (1985).

      A preservação destes testemunhos da cultura portuguesa tornou-se efetiva e perene pela valorização, divulgação e integração deste espólio nos museus portugueses, enriquecendo as coleções das diferentes instituições com as quais colaborou, em particular, o Museu de Olaria de Barcelos e o Ecomuseu Municipal do Seixal que integrou, em 1998, uma representativa coleção iconográfica constituída por uma coletânea de postais relativos a etnocerâmica e à azulejaria, bem como por documentação iconográfica diversa sobre a mesma, publicada no catálogo A Cerâmica no Postal Ilustrado – catálogo da colecção de Eugénio Lapa Carneiro, editado pelo Ecomuseu Municipal do Seixal em 2003.


      Nota bibliográfica elaborada pelo DPI/IMC com base na seguinte bibliografia:

      AA.VV., 2003, A cerâmica no postal ilustrado: catálogo da colecção Eugénio Lapa Carneiro. Coordenação Graça Filipe, Seixal, Câmara Municipal do Seixal, 2 vol.

      LAPA CARNEIRO, Eugénio, 1999, “«São de barro, não pecam» Dom Frei Bartolomeu dos Mártires e a Antiguidade da Indústria dos Bonecos de Barcelos”, Separata da Barcelos Revista, Câmara Municipal de Barcelos, 42 – 52.
Secretário de Estado da Cultura Direção-Geral do Património Cultural
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