Ficha de Investigador

FELGUEIRAS, Guilherme

  • Denominação: FELGUEIRAS, Guilherme
  • Nascimento: S. Mamede de Alentem,01/06/1890
  • Óbito: ,1990
  • Biografia:
    • Guilherme Felgueiras nasceu em S. Mamede de Alentem, Lousada, a 1 de junho de 1890 e morreu em 1990. Formado pela Escola Nacional de Agricultura em Coimbra, dirigiu as zonas florestais da Mata de Leiria e Serra do Gerês e desempenhou cargos de diretor das Escolas Gonçalves Zarco e Profissional de Agricultura de Paiã.

      Foi delegado concelhio da 2.ª subsecção (antiguidades, escavações e numismática) do Concelho de Loures e Chefe dos Serviços Culturais da Junta de Província da Estremadura. Em 1915, fundou a revista Início, revista de arte, literatura e crítica, e anos mais tarde assumiu a Direção do Boletim Cultural da Junta Distrital de Lisboa.

      No domínio etnográfico Guilherme Felgueiras destacou-se pela sua produção bibliográfica em torno das tradições populares no âmbito da vida agrária e da arte popular. Conciliando os seus campos de interesse e de conhecimento, escreveu sobre as indústrias rurais e tradições agrícolas, que resultaram nos seguintes trabalhos: Espadeladas e esfolhadas – nótulas etnográficas (1932), Etnografia agro-pecuária (1938), Como cuidam das abelhas os montanheses do Gerês (1951) e As aves e as superstições dos camponeses (1948).

      Sobre o domínio da Filologia e Etnografia publicou, em 1930, o estudo sobre a Terminologia agrícola – Linguagem dos Campos, dando continuidade, em 1935, aos trabalhos de Anfiguris populares e Lexicologia pecuária, e em 1941 sobre As Aliterações e os Trocadilhos na Lírica Popular. Em 1940 colaborou em Vida e Arte do Povo Português com o artigo A faina do campo, alusivo à vida rural, destacando o estudo sobre os sistemas de elevação e distribuição de águas de rega, processos e técnicas agrárias, hagiografia popular, feiras e romarias, entre outros temas.

      A sua produção etnográfica privilegiou, com igual interesse, outros domínios de investigação, nomeadamente, as temáticas do traje popular e os processos e técnicas tradicionais e seus contextos de produção, como o ferro e a olaria.

      Na sua obra de referência, Monografia de Matosinhos, de 1958, Guilherme Felgueiras aborda diversos temas, desde festas e romarias, superstições e ex-votos, cancioneiro, a uma análise geográfica e demográfica daquele território.

      Os anos 60 marcaram o interesse do etnógrafo pelo estudo das manifestações teatrais populares. Na sua investigação intitulada Teatro, publicada em A Arte Popular em Portugal, invocou as origens do teatro português, nomeadamente a partir do século XV, descrevendo os primeiros passos do profissionalismo teatral e a sua análise nas manifestações etnográficas.

      Publicou igualmente trabalhos sobre outros temas etnográficos em artigos dispersos nas revistas da especialidade, tais como: Tradições religiosas – os Círios estremenhos (1943); O Estudo da literatura popular e das tradições orais estremenhas (1947); Da nossa gente, dos seus costumes, das suas tradições (respigos etnográficos) (1949). Em 1966 publicou na revista Ocidente o seu estudo sobre o Cancioneiro Popular Transmontano e Alto-Duriense.


      Nota bibliográfica elaborada pelo DPI/IMC com base na seguinte bibliografia:

      AA.VV., “Felgueiras (Guilherme)”, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol.11, Lisboa, Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, Lda., 54-55.

      LEAL, João, 2000, Etnografias Portuguesas (1870-1970) Cultura e Identidade Nacional, Lisboa, Colecção Portugal de Perto, Publicações Dom Quixote.

      LEAL, João, 2006, Antropologia em Portugal: Mestres, Percursos, Tradições, Lisboa, Livros Horizonte.

      PEREIRA, Benjamim Enes, 2009 [1965], Bibliografia Analítica de Etnografia Portuguesa (edição em formato electrónico), Lisboa, Instituto dos Museus e da Conservação.
Secretário de Estado da Cultura Direção-Geral do Património Cultural
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