Ficha de Investigador

LANDOLT, Cândido

  • Denominação: LANDOLT, Cândido
  • Nascimento: Porto,06/03/1863
  • Óbito: Póvoa do Varzim,12/06/1921
  • Biografia:
    • Cândido Augusto Landolt nasceu no Porto, a 6 de março de 1863, e morreu na Póvoa do Varzim a 12 de junho de 1921.

      Desenvolveu atividade enquanto escritor, jornalista e etnógrafo, destacando-se na Etnografia Portuguesa dos finais do século XIX e início do século XX com estudos de âmbito local e regional. Dedicou parte fundamental da sua produção etnográfica à cidade da Póvoa do Varzim, privilegiando os estudos sobre os costumes e tradições populares da comunidade piscatória poveira.

      Desde 1887, o percurso profissional de Cândido Landolt ficou marcado pela sua atividade numa das principais publicações periódicas locais, o jornal A Independência, do qual foi posteriormente proprietário. Anos mais tarde, fundou e dirigiu o jornal A Propaganda, publicado de 1903 a 1916, tendo colaborado ainda na Revista Póvoa do Varzim de 1911 a 1917. Sublinhando-se igualmente a sua colaboração com a publicação da Colecção Silva Vieira, de Barcelos. Esteve ligado ao associativismo da Póvoa do Varzim.

      Em 1893, foi responsável pela catalogação e divulgação das coleções de arqueologia e história do Museu do Padre Brenha, acervo museológico atualmente integrado no Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa do Varzim.

      O interesse de Cândido Landolt pelo estudo da cultura popular e tradicional surge do estímulo do etnógrafo Rocha Peixoto, que o incentivou a publicar no periódico A Propaganda uma série de artigos consagrados aos costumes e tradições dos pescadores poveiros, privilegiando o registo in loco da realidade cultural.

      A recolha e investigação preconizadas no seio da comunidade pelo etnógrafo deram expressão ao seu trabalho Folk-lore Varzino – costumes e tradições populares, publicado em 1915. Este estudo representa a sua obra de referência para a Etnografia Portuguesa, na qual percorreu os vários domínios da vida e cultura tradicional da Póvoa do Varzim, desde a literatura oral e tradicional, na qual privilegiou o estudo das crenças e superstições, apodos e siglas poveiras, à habitação, ao casamento, à alimentação, à medicina popular e, particularmente, ao ofício tradicional da pesca.

      Destacam-se outros trabalhos de índole regionalista, que versaram as temáticas das festividades, das tradições e expressões orais, nomeadamente, As Bodas de uma Poveira (1902), A Póvoa Linda: lendas e tradições regionais (1914), O meu pantéon – Onde se acham os homens que engrandecem a vila e o concelho da Póvoa do Varzim (1914) e As Pérolas do Minho (1917).

      A sua investigação privilegiou outros terrenos etnográficos, tendo sido autor do estudo Tradições Populares colhidas no Concelho de Barcelos, publicado em 1884, com introdução de José Leite de Vasconcelos, alusivo às tradições orais de Barcelos. Consagrou à mesma temática, um artigo publicado em 1946, na publicação Minia – Órgão do Instituto Minhoto de Estudos Regionais, correspondendo à recolha de setenta e cinco quadras populares de Barcelos, em particular o conto popular do “Cuco”.

      Foi autor de Tradições Maiatas (1891), compilando uma série de orações e adivinhas populares, e de Subsídios para o estudo do folclore infantil português (1892). Em 1886 publicou na Revista Minho o estudo acerca do Vocabulário popular de alguns termos especiais usados pelos fadistas do Porto.


      Nota bibliográfica elaborada pelo DPI/IMC com base na seguinte bibliografia:

      BARBOS, Jorge, 1969, Boletim Cultural da Póvoa do Varzim, vol. VIII, n.º2, Póvoa do Varzim, Câmara Municipal da Póvoa do Varzim.

      PEREIRA, Benjamim Enes, 2009 [1965], Bibliografia Analítica de Etnografia Portuguesa (edição em formato electrónico), Lisboa, Instituto dos Museus e da Conservação.
Secretário de Estado da Cultura Direção-Geral do Património Cultural
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