Ficha de Investigador

MATOS, Armando de

  • Denominação: MATOS, Armando de
  • Nascimento: Viseu,14/04/1899
  • Óbito: ,1953
  • Biografia:
    • Armando Manuel de Lemos de Matos nasceu em Viseu a 14 de abril de 1899, e morreu em 1953.

      Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, tendo completado o Curso Superior de Ciências Económicas e Políticas em Lisboa. O seu interesse pelas letras motivou-o a matricular-se, em 1932, na Faculdade de Letras de Coimbra, onde se licenciou em 1938, apresentando a dissertação A Evolução Histórica das Armas Nacionais Portuguesas. Desenvolveu atividade como escritor e professor, dedicando-se aos domínios de investigação de História, Etnografia, Arqueologia e Heráldica.

      Foi conservador-adjunto do Museu Nacional Soares dos Reis (1933) e diretor da Biblioteca e dos Museus Municipais de Vila Nova de Gaia (1934 -1945). Em 1935 iniciou o ensino de História de Arte e de Arqueologia Artística na Escola de Belas Artes do Porto. Integrou a Comissão Organizadora do Museu de Etnografia e História da Província do Douro Litoral e pertenceu ao Centro de Estudos Humanísticos do Porto. Colaborou na realização e conceção de exposições de cariz etnográfico, em particular, na Exposição de Arte Popular (1937), em Coimbra, e a Exposição Etnográfica do Douro Litoral (1940), no Porto.

      Em 1929, fundou e dirigiu a coleção Estudos Culturais, do Instituto de Coimbra, de que se publicaram dezanove volumes, com a colaboração dos mais consagrados escritores de sucesso literário e artístico. Foi ainda um dos fundadores do Arquivo Nacional de Ex-libris e o Grupo de Amigos do Museu Municipal do Porto.

      O seu contributo no domínio etnográfico privilegiou o estudo da arte popular na província do Douro Litoral. Foi autor das obras O Barco Rabelo (1940), referente ao estudo da embarcação tradicional do rio Douro, sua caracterização tipológica e das tradições e práticas culturais que lhe estão associadas, e A arte dos jugos e cangas do Douro Litoral (1942), estudo relativo aos instrumentos tradicionais de atrelagem e aos elementos ornamentais (decorativos e simbólicos) característicos das tipologias dominantes no Douro Litoral, tendo também avançado propostas quanto à sua análise tipológica, para além da documentação dos seus processos de fabrico.

      Em 1987 publicou a obra Santo António de Lisboa na tradição popular (Subsídio etnográfico) , na qual versou o estudo sobre a hagiografia popular e a literatura oral.

      A colaboração sistemática que manteve com o Boletim Douro Litoral, entre 1940 e 1953, a par da colaboração com outros periódicos, possibilitou conhecer parte fundamental do seu trabalho, privilegiando outras temáticas etnográficas, tais como a arte popular, a habitação, o trajo, processos e técnicas artesanais relacionadas com a pesca e a olaria, os jogos populares, festividades e romarias. Em 1940 colaborou na publicação Vida e Arte do Povo Português, com o artigo O fogo de vistas, alusivo ao estudo de pirotecnia.

      Em 1942, no âmbito do IV Congresso da Associação Portuguesa para o Progresso das Ciências, apresentou o estudo Projecto de um esquema de Etnografia Portuguesa, dando o seu contributo para uma conceptualização da Etnografia, onde referiu a necessidade de um maior rigor científico aos estudos etnográficos, propondo a realização de um esquema de classificação sob a perspetiva antropogeográfica.


      Nota bibliográfica elaborada pelo DPI/IMC com base na seguinte bibliografia:

      AA.VV., “MATOS (Armando de)”, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol.16, Lisboa, Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, Lda., 594-595.

      LEAL, João, 2000, Etnografias Portuguesas (1870-1970) Cultura e Identidade Nacional, Lisboa, Colecção Portugal de Perto, Publicações Dom Quixote.

      LEAL, João, 2006, Antropologia em Portugal: Mestres, Percursos, Tradições, Lisboa, Livros Horizonte.
Secretário de Estado da Cultura Direção-Geral do Património Cultural
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