Ficha de Investigador

BASTO, Cláudio Filipe de Oliveira

  • Denominación: BASTO, Cláudio Filipe de Oliveira
  • Nascimento: Viana do Castelo,23/08/1886
  • Óbito: Carcavelos,2/05/1945
  • Biografia:
    • Cláudio Filipe de Oliveira Basto nasceu em Viana do Castelo, a 23 de agosto de 1886, e morreu em Carcavelos a 2 de maio de 1945.

      Formado em 1911, fez o Curso Médico-Cirúrgico na Faculdade de Medicina do Porto em 1912. Dedicou-se à docência no liceu de Viana, onde lecionou até 1927 as disciplinas de Letras e Ciências. Durante este período, foi Vogal da Comissão Administrativa (1911 a 1913) e Inspetor interino do círculo escolar de Viana (1919). Lecionou na Escola de Ensino Normal (1916 a 1918), na Escola Primária Superior João da Rocha (desde 1919) e em escolas industriais (1916 a 1944). Em 1944 afastou-se da sua atividade profissional por motivos de saúde, lecionando na Escola Industrial de Faria Guimarães. Paralelamente à educação, exerceu durante alguns anos funções de médico-escolar (1911 a 1926), debruçando-se sobre a linguagem e costumes da medicina popular.

      Desenvolveu atividade enquanto escritor, etnógrafo e filólogo. Destacou-se no campo da Etnografia Portuguesa, dedicando parte fundamental da sua obra ao estudo da cultura tradicional do Alto Minho.

      Os seus estudos etnográficos versaram as temáticas relacionadas com as expressões e tradições orais, o trajo, o teatro e a medicina popular, contribuindo de forma significativa para a investigação do património etnográfico na sua especificidade local e regional, sendo a revista Lusa (1977 a 1922), de Viana do Castelo, por ele fundada e dirigida, um dos mais expressivos exemplos. Fundou ainda as publicações Limia e revista Nova Silva (com Leonardo Coimbra, Jaime Cortesão e Álvaro Pinto), tendo sido redator da imprensa local em O Povo (1908-1910), O Minho (1918) e Gazeta de Viana (1911-1916), para além do mensário portuense O Tripeiro (1930-1931) e da sua colaboração na revista Lusitana. Dirigiu a revista Portucale, por convite de José Leite de Vasconcelos, contribuindo com diversos artigos para os seus arquivos etnográficos.

      Foi autor de uma vasta e sólida obra, da qual se destacam os trabalhos relativos à dialectografia portuguesa, nomeadamente Tradições Populares, Falas e Tradições de Viana (1910), Nótulas ao Novo Dicionário (1913-1916), A Linguagem de Fialho e a obra Nomes das “agulhas” secas (1917), sendo considerado um trabalho pioneiro em Portugal sobre geografia linguística. Colaborou com Carolina Michaëlis de Vasconcelos e José Leite de Vasconcelos na obra Seio da Virgem-Mãe, Considerações sobre a História de uma quadra popular (1922) e foi autor de A Linguagem dos gestos em Portugal - esboço etnográfico (1938). Da sua produção etnográfica consagrou à temática da literatura oral a recolha do cancioneiro português em Flores de Portugal (1926) e estudos sobre crenças e superstições em Treze à Mesa (1914) e Comparações Tradicionais Portuguesas (1924).

      Em 1930 publicou a sua obra de referência intitulada Traje à Vianesa, iniciada em 1923 num breve ensaio da coleção Diário de Notícias, intitulado Do Traje “à vianesa” em geral e do traje de Alfife em especial – notas regionais, configurando os estudos relativos ao traje popular, ou “fato à lavradeira” (traje de festa), usado nas festas e romarias das freguesias limítrofes de Viana do Castelo, nomeadamente em Afife, Carreço, Areosa, Meadela, Santa Marta e Perre.

      Em 1939 publicou Silva Etnográfica, uma obra de compilação de uma série de artigos sobre etnografia minhota dispersos nas publicações periódicas com as quais colaborou, versando as temáticas do casamento, da feira dos “pucarinhos” de Vila Real, dos bordados, da alimentação, entre outras. Colaborou em diversas miscelâneas, das quais se destaca a dedicada a J. Leite de Vasconcelos, em 1934, e foi produtor de bio-bibliografias dos etnógrafos A. Tomás Pires, Teófilo de Braga, Gonçalves Viana e Mário Barreto.


      Nota bibliográfica elaborada pelo DPI/IMC com base na seguinte bibliografia:

      AA.VV., 1948, Miscelânea de estudos à Memória de Cláudio Basto, organizada por Hermínia Basto, Porto.

      AA.VV., “Basto (Claúdio)”, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol.4, Lisboa, Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, Lda., 345-346.

      BASTO, Cláudio, 1930, Traje à vianesa, Vila Nova de Gaia.

      PEREIRA, Benjamim Enes, 2009 [1965], Bibliografia Analítica de Etnografia Portuguesa (edição em formato electrónico), Lisboa, Instituto dos Museus e da Conservação.

      ALMEIDA, Justino Mendes de, 1989, “Cláudio Basto, notável investigador vianês”, Estudos Regionais, Revista de Cultura do Alto Minho, 39-51.
Secretário de Estado da Cultura Direção-Geral do Património Cultural
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