MARTINS, Firmino Augusto

• Denominación: MARTINS, Firmino Augusto
• Nascimento: Vilarinho de Lomba,16/02/1890
• Óbito: Tuizelo,05/10/1965
• Biografia:
  • Firmino Augusto Martins nasceu a 16 de fevereiro de 1890, em Vilarinho de Lomba, Concelho de Vinhais, e morreu a 5 de outubro de 1965, em Tuizelo, no mesmo Concelho.
    
    Frequentou o curso preparatório e de Teologia no Seminário Diocesano de Bragança. Envolveu-se nos movimentos antirepublicanos, como aliado de Paiva Couceiro, que em 1911 tentaram a primeira incursão monárquica na região. Ordenado presbítero, refugiou-se no Brasil, em virtude das perseguições republicanas à Igreja. Durante esta estadia foi professor num dos colégios de referência no Rio de Janeiro e formou o Centro Católico da mesma cidade. Regressado a Portugal no ano de 1916, trabalhou então como pároco de várias freguesias do Concelho de Vinhais, designadamente, Tuizelo, Travanca, Santalha Cabeça da Igreja e como arcipreste de Lomba no profundo nordeste transmontano.
    
    Criou o Apostolado da Oração nas freguesias onde paroquiou e realizou uma das primeiras experiências de escola noturna para adultos. Exerceu vários cargos públicos, como delegado da Junta Nacional da Educação, Presidente da Câmara e membro Provincial de Vinhais. Valorizou o património histórico da região sendo o responsável pelo restauro do Pelourinho da cidade (1929), e da Igreja de S. Facundo.
    
    Firmino Martins contribuiu para o estudo das tradições e expressões culturais da região transmontana de Vinhais, onde recolheu um dos mais significativos cancioneiros populares da tradição oral. O seu reconhecimento deveu-se à recolha e registo que consagrou à música tradicional portuguesa da região, adaptada nas obras do musicólogo americano Kurt Schindler.
    
    A sua atividade no domínio etnográfico destacou-se pela sua colaboração com a imprensa nacional, utilizando os pseudónimos de Guilherme Tell e João Serrano, escrevendo sobre a história, etnografia e cultura local. A obra bibliográfica de Firmino Martins revela ser uma fonte indispensável para o estudo do património etnográfico do Concelho de Vinhais, tendo sido autor de Folclore do Concelho de Vinhais (1928 e 1939), publicado em dois volumes e onde reuniu estudos que versam as expressões e tradições orais, designadamente lendas, adágios, apodos, jogos, loas, mas também expressões do cancioneiro e romanceiro. O seu trabalho versou igualmente as festividades religiosas, designadamente, o culto a Santo Estêvão, associado às festas dos rapazes transmontanas que integram o ciclo de festivo do solstício de inverno, bem como o estudo das práticas sociais relacionadas com a vida agrícola e dos processos e técnicas tradicionais relacionadas com a pesca, caça, tecnologias têxteis, entre outros.
    
    Os seus estudos dedicaram-se ainda às manifestações teatrais populares e à medicina popular. Em 1959, publicou a obra Alguns apontamentos etnográficos e folclóricos sobre o casamento na região vinhaense, relativa ao estudo de tradições e expressões orais associadas à temática do casamento.
    
    
    Nota bibliográfica elaborada pelo DPI/IMC com base na seguinte bibliografia:
    
    AA.VV., “MARTINS (Firmino)”, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol.16, Lisboa, Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, Lda., 454-455.
    
    GOMES, Pinharanda, 1998, “Firmino Martins”, Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, I volume, Editora Cidade Berço, Lisboa.
    
    LEAL, João, 2000, Etnografias Portuguesas (1870-1970) Cultura e Identidade Nacional, Lisboa, Colecção Portugal de Perto, Publicações Dom Quixote.
    
    MARTINS, Firmino, 1828, Folklore do concelho de Vinhais. I, Coimbra.
    
    MARTINS, Firmino, 1939, Folklore do concelho de Vinhais, II, Lisboa.
    
    MOURINHO, António, 1966, "Um Etnógrafo e Folclorista transmontano. O E Firmino Martins", Mensário das Casas do Povo, n.° 236 (Lx.a, 1966) pp. 14-15.